Figueira da Foz, urbanismo e arquitectura

Este é  um esboço de um futuro texto sobre a Figueira da Foz e o concelho da Figueira da Foz enquadrando-os nos períodos mais importantes da nossa história moderna: as invasões francesas, a Regeneração, o Estado Novo e o 25 de Abril bem como à sua origem cerca de 1700.
A Figueira nasce de uma situação de cruzamento, a do rio Mondego com o oceano Atlântico e até como no Porto e penso na Ribeira que desagua no rio Douro, e na ribeira do vale das abadias que provavelmente desaguava no local onde ainda se encontra hoje a casa do Paço e cais.
A actividade económica do seu porto está dividida em 3 partes: madeiras, papel e vidro. As madeiras do pinhal de Leiria e do Centro de Portugal, a produção de papel na Celbi e Portucel e o vidro da Veralia na Fontela.
O porto está também ligado a atividades náuticas, de pesca e de lazer, o que nos leva ao setor do turismo onde acaba sempre por ser a construção de habitação que conforma o desenho e imagem da cidade.
A Figueira é um bom exemplo de urbanismo e planeamento. A origem da cidade remonta pelo menos a 1700, data da construção da Casa do Paço, junto do jardiim e Abadias, onde existia e existe uma ribeira. 
Os primeiros quarteirões irregulares que formaram a localidade estão nas imediações da Casa do Paço e Praça Velha.
A cidade expandiu-se para leste em direção à Praça 8 de Maio, primeiro e depois, mais ainda em direção à C.M. da Figueira da Foz.
Teve sobretudo uma ocupação ribeirinha, junto do Mondego e para norte até ao atual quartel da Guarda Nacional Republicana, hoje PSP.
A ocidente, o que existia até ao século XIX, era a Rua da Fonte.
A forma da cidade é marcada pelo Bairro Novo contemporâneo dos ensanches de Madrid ou Barcelona e à nossa escala dos planos de melhoramento da Regeneração isto cerca de 1860 em diante. Datam de 1873 as plantas que estiveram na origem do Bairro Novo, algo insalúbre, dada a ocupação do interior dos quarteirões, porque resultado de a Figueira ser uma estância de veraneio e da sua intensa luz; depois da construção das linhas de caminho de ferro do período da Regeneração.
Depois há o período do Estado Novo e o plano de urbanização da Figueira da Foz de Faria da Costa de 1947 que sabiamente ainda prevalece e até é de certa forma original em Portugal.
Tudo o que planeadamente foi construído na Figueira até leste, à estrada nacional 109, e a norte até à avenida Mário Soares  resultam do plano de urbanização de Faria da Costa em 1947 e 1953 e Antão Almeida Garrett de 1961 que faz uma pequena extensão à planta de Faria da Costa, planeando o noroeste até Buarcos.
A notação de Antão Almeida Garrett e o seu plano para a Figueira da Foz são semelhantes aos de Robert d'Azurelle para o Porto em 1962.
Cascais à semelhança da Figueira foi planeada por Faria da Costa, tal como a Costa da Caparica, nos anos 40/50.
A Figueira cresce como Lisboa cresceu alternadamente ao longo da sua história,  ou seja no sentido da sua frente de água ou no sentido perpendicular e centrifugo ao rio e mar.
No período pós 25 de Abril até hoje a Figueira estendeu-se em todas as direcões, sobretudo a Norte do Mondego.
A ponte Joaquim de Carvalho construída em 1982, projetada pelo engenheiro Edgar Cardoso, que construíu a Ponte da Arrábida e a Ponte São João no Porto vieram substituir uma antiga ponte à cota das águas do rio sensivelmente no mesmo local.
Os livros: Faria da Costa e os planos de urbanização da Figueira da Foz de Bruna Marques;
 Um bairro que foi novo de Isabel Simões e Teresa Maia; 
A história de uma nova paisagem urbana 1972-74 de Tiago Ferreira são a referência que conheço para investigar estas questões ligadas simultaneamente ao urbanismo e à arquitetura na Figueira da Foz.
Na pesquisa à arquitetura e urbanismo nesta cidade e concelho, utilizo a ideia de paisagem urbana de Gordon Cullen, utilizando o Gif e o movimento em vez do desenho, ainda que tenha analisado através dele, todas as plantas da cidade ao longo da sua história.
A ideia de conjuntos urbanos é óbvia na análise tipológica da cidade e deduz-se de muitas desses alçados de vários conjuntos urbanos, formando, ruas, praças e outros lugares desenhados pelos arquitetos figueirenses.
Devo realçar os 2 conjuntos urbanos que contêm os edifícios mais interessantes: a avenida 25 de Abril e as Abadias.
Na avenida 25 de Abril destaco a piscina, a obra que mais gosto, trabalho do arquitecto Isaías Cardoso e o Grande Hotel, obra de Inácio Peres Fernandes em 1950, mas também todos os edifícios claramente modernos, perpendiculares à avenida, que foram sendo construídos até aos finais dos anos 70. São o melhor do nosso modernismo, com igual valor em Portugal sô a avenida de Roma em Lisboa. 
Nas Abadias destaco o conjunto de edifícios de Alberto Pessoa dos anos 60, únicos em Portugal quer pela quantidade, disposição, dimensão, modo construtivo. Também  o museu, auditório e biblioteca de Santos Rocha, obra do arquitecto Isaías Cardoso em 1975, o próprio vale das Abadias obra do arquiteto paisagista Ribeiro Teles e o CAE obra do arquitecto Luís Marçal Grilo em 1997.
Outros conjuntos urbanos interessantes são o jardim conformado de um lado pelo mercado municipal, Regeneração/Arte Nova e do outro pelos CTT de Adelino Nunes nos anos 30/40, o tribunal de Raul Rodrigues Lima de 1971 e a própria casa de Mário? Grilo.
Outro edifício interessante é o edifício do Banco de Portugal da Figueira da Foz, hoje CGD, lembrando o seu assalto em 16 de Maio de 1967, pelo Luar, ligado a Camilo Mortágua pai das gémeas deputadas do BE.
Edifícios contemporâneos que mostrei no trabalho visual que realizei foram entre outros, a ampliação do hospital, o redesenho do casino, o Aki, ou iutros edifícios de habitação integrados em conjuntis ufbaniz.
Recuando na história há que salientar a casa do Paço que remonta a 1700, o Paço de Maiorca coevo e o mosteiro de Verride.
O palácio Sotto Mayor foi projetado no início do século XX por Gaston Landek. 
Paradoxalmente não conheço melhor exemplo de desenho urbano e de integração de edifícios perpendiculares à rua, sem plataforma do que os de Faria da Costa, formado em Paris, na Figueira da Foz,  no período pós 2a guerra mundial e obra maior do Estado Novo.
Hoje, faço a crítica da construção da cidade a partir do objecto arquitetónico e até o sucesso/excesso do Alojamento Local, esquecendo-se muitas vezes a necessidade de estruturar a cidade e até o território, penso nos aeroportos, mas também nas infraestruturas rodoviárias no território e na cidade, não contendo estas geralmente qualquer tipo de desenho de arquitetura, sendo até o sítio onde habito, a rotunda do pescador na Figueira da Foz um bom exemplo desse tipo de desenho urbano e é o que falha noutros locais da Figueira como em muitos lugares do nosso país.
O projeto da praça e jardim em Buarcos é óptimo. Se há qualquer tipo de condicionante social prende-se com a falta de planeamento de Buarcos, ainda que, com pequenas aberturas na muralha se resolvessem problemas de acessibilidade.
Outra questão que me interessa é a da "Disneylização" do nosso país, exemplo diferente da do "Portugal dos pequeninos", aqui ao lado, em Coimbra.
O espaço/tempo instantâneo das televisões e internet, em que as pessoas acabam por se identificar com o centro histórico, o monumento, a imagem de marca, enfim a excepção, esquecendo a regra, constituída pela disciplina de urbanismo, criando-se enormes assimetrias entre centro/imagem de marca e periferia, entre diversas zonas da cidade acabando por caírmos todos na ideia de não cidade física, ou das redes de comunicação.
A cidade das redes e da comunicação e do teletrabalho precisa sempre de um local físico, ou seja, paradoxalmente as pessoas já não precisam todas de se deslocar para o seu local de trabalho, mas têm sempre de ter um local onde estar e dormir.
Há uma contemporânea cidade estática dos ecrãs contrária ao apetite pelo movimento do modernismo, ainda que se permaneça estático muitas vezes para se ver movimento, como é o caso dos eventos desportivos ou da televisão e cinema.
Há questões sociais, de segurança e politico-culturais associadas à dualidade cidade estática/dinâmica atual.
A ideia de movimento, de conjuntos urbanos, de periferias e centros deve entender-se nesta dualidade movimento/estática associados ao arcaísmo da televisão ligados ao envelhecimento da população e condicionantes à mobilidade, por questões de segurança pública, ou outras condicionantes sociais, económicas, culturais ou políticas.
Por outro lado o tele-trabalho utilizando computadores, smartphones e outros dispositivos ligados ou não em rede, não nos faz perder tempo e paciência no trânsito ou no local de trabalho, de estudo, lazer ou onde nos alimentamos ou consumimos.
As cidades demoraram séculos a crescer e a sedimentar e estão sempre em transformação e são sempre exemplos vivos de toda a nossa história chegando hoje à doença, estagnação e degeneração e ao seu contrário nesta dualidade da cidade física e das redes de comunicação.
A "sociedade de consumo" e"bem estar" é também este pesadelo societário produzido pela realidade sincopada dos media em Portugal, de que os períodos de férias e consumo são exemplos, em que a "cidade" associada é excessiva e sem espaço para o movimento, necessários à saúde e bem estar ou muito pelo contrário sustentável e saudável nesta dualidade cidade física/cidade da comunicação associada às condicionantes económicas, sociais, culturais e políticas.
A Figueira é a praia da claridade, tem uma luz diferente da do Porto, mais parecida com a luz de Lisboa.
Para quem vem de outros locais da Europa, de cidades reconstruídas após a destruição causada pela 2a guerra mundial, ou com escola de planeamento, é seduzido paradoxalmdnte também pela nossa paisagem difusa, incoerente, descontínua, vernácula que conforma o território fora da cidade planeada. 
O concelho da Figueira da Foz é bastante atrativo para o mercado do norte, centro e leste da Europa pelo seu clima e relação de preço/qualidade, oferta de habitação e custo de vida.
Devemos dar sempre atenção à nossa história e à história do nosso trabalho, há que ter sempre em atenção o património industrial e a Figueira tem património industrial ativo como a Veralia na Fontela, a Celbi projetada pelo arquiteto José Carlos Loureiro e a Portucel na Leirosa, a Elis ou outras fábricas da sua zona industrial, mas tem outro património industrial inactivo como o do Cabo Mondego ou o do lado sul da ponte. Ainda que hoje estejamos todos na sociedade dos serviços e os índices de população no setor secundário e primário não sejam tão relevantes, havendo por isso que dar outros usos a este tipo de património e até deixar o mercado nacional e internacional funcionar.
De referir até o cuidado da autarquia da Figueira da Foz com o seu património: histórico, habitacional, equipamentos, paisagístico ou industrial, e relevar a atenção ao património industrial e paisagístico do Cabo Mondego ou com o mosteiro de Verride, tudo a custos irrisórios segundo li n' O Figueirense.
Fica o link para o trabslho visual que realizei e irei realizar que pode ver-se na conta joaob7xxviii da aplicação Instagram:
https://www.instagram.com/tv/CadOiGmgrBX/?igshid=YmMyMTA2M2Y=



















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