Energia e ambiente

Este é um texto que publiquei em junho na minha página do Facebook e que agora em parte refuto, muito simplesmente porque as baterias necessárias à propulsão dos veículos eléctricos têm como base o lithium, e minérios com as mesmas características pelo que passaríamos de um mundo centrado na facilidade de extração dos combustíveis fósseis: o petróleo e  o gás natural, para um mundo baseado no minério e nas minas, com prováveis consequências económicas e políticas semelhantes às da revolução industrial do século XVIII.
Fica o texto de 17 de junho de 2022:

O BCE está a ponderar subir as suas taxas diretoras talvez em julho ou outubro, com base no fim da compra de ativos, e se de facto os deixar de comprar irá causar inflação pelo aumento das dívidas e consequente desvalorização da moeda.
Fica a ressalva básica de que a finança tem de estar ligada à economia e de que as finanças dos países valem o que valem as suas economias.
Se subirem as taxas diretoras, só servirá para refrear o crédito, e será sobretudo na europa ocidental que o peso dos impostos necessários a cobrar para pagar mais juros pelas dívidas públicas bem como o dinheiro a pagar pelos créditos privados terá mais impacto nos bolsos dos seus cidadãos, tal como serão necessários mais impostos para pagar os encargos com a dívida, o que por via dos aumentos dos preços causará mais inflação em toda a zona euro, já que, se Portugal não conta muito para as contas do euro, já a Esoanha, a Itália ou a França não são de desprezar...
Como português pergunto: como cobrar menos impostos caso haja um aumento das taxas diretoras do BCE, que terão um impacto no mínimo de cerca de 2000 milhões de euro para um aumento de 4° de ponto das mesmas?
Como fazer face aos encargos com a dívida do setor público na ordem dos 7000 milhões de euro caso haja uma única subida das taxas do BCE, para não falar numa série e até numa hipotética baixa da notação da dívida?
Como farão também os portugueses face a encargos semelhantes ou superiores para a dívida privada, à subida da prestação dos seus créditos?
Aliado a estes factos há que lembrar simplesmente que em Portugal existem no mínimo 5 milhões de pessoas que não têm rendimentos suficientes para declarar IRS.
A política do BCE de parar de comprar ativos irá levar a um aumento das dívidas públicas e mesmo da sua notação (via aumento dos encargos a pagar por dívidas maiores).
Se se pensa em aumentar as taxas diretoras como consequência destes factos bem como para fazer face ao "gap" inflação, depósitos/taxas euribor e enfim refrear o crédito, não será muito problemático para os países da Europa do norte, central e de leste, mas para Portugal, Espanha, Itália, Grécia e França irá inevitavelmente haver um aumento de impostos ou mais dívida.
Quanto à Comissão europeia, "graças a Deus" ainda não foram estabelecidas metas para o défice e percentagens da dívida em função do PIB, nem prazos.
No contexto mundial foi de facto a guerra da Ucrânia que levou a um aumento dos preços da energia bem como a "procura" em consequência do fim dos confinamentos da Covid 19. Em Portugal há uma crise alimentar resultante de uma seca de que não tenho memória igual e que fez subir os alimentos em 30%.
A intenção inevitável ou não do BCE subir as suas taxas diretoras releva também ao facto de quer a FED quer o BoE o terem vindo a fazer e até do menosprezar da China pela dívida europeia, preferindo a valorizada dívida americana o que é algo contraditório para os Chineses que precisam de comprar energia ao exterior.
O euro perdeu já 20% do seu valor face ao dollar, e a desvalorização da moeda causa também inflação bem como a inerente perda de atratividade para se realizarem depósitos em euro.
Apesar de o automóvel elétrico tardar em ser mais concorrencial, e mesmo se entrar-mos num quadro de refrear o crédito será mais difícil vendê-lo, o que é algo contraditório com uma política de mercado interno da UE, apesar da desvalorização do euro favorecer a venda dos seus produtos. A China prefere o euro baixo e o dollar alto? Brincando, diria: os chineses irão comprar automóveis europeus com os juros da dívida americana?
O turismo deve ser um setor estratégico para os europeus, ainda para mais para visitantes fora da UE, e está também mais atrativo com a desvalorização do euro.
Portugal deverá perceber estes factos e tentar melhorar a sua oferta, quer em termos de alojamento, formação dos seus quadros e de uma forma superestrutural melhorar os seus signos.
Concluindo e pensando também no 3° mundo, o BCE tem feito o que pode, mas há que alertar quer a FED quer o BoE até se chegar ao FMI, para possíveis crises humanitárias sobretudo no Sahel decorrentes dos juros a pagar por dívidas elevadas catalizadas pela Pandemia. E são dívidas elevadas em percentagem do PIB, pois em termos absolutos são valores ridículos. Aqui há que pensar em criar quadros de investimento ou estimular a economia? mas também de alguma forma ajudar ou doar.
Há que lembrar às opiniões públicas dos países da europa do oeste, nomeadamente a espanhóis e italianos, que um aumento das taxas diretoras do BCE seria para Espanha muito nefasto, assim Espanha tem uma dívida semelhante em percentagem do PIB à portuguesa, pelo que grosso modo, o valor a pagar por um aumento de quarto de ponto, seria na ordem dos 10 mil milhões de euro.
Não esquecer que a nível da Europa e da sua moeda, ao aumentarem-se os níveis de encargos com a dívida, aumentar-se-iam inevitavelmente os impostos para fazer face a esses mesmos encargos ou levariam-nos a ter menos prestações sociais, o que poderia pôr em risco até o próprio quadro societal destes países, caso haja uma série de aumentos dos juros a pagar pelas dívidas, e no quadro Europeu, provavelmente ainda se desvalorizaria ainda mais a moeda e se provocaria mais inflação.
Por outro lado a nível dos depósitos bancários, ter-se-á de incentivar a poupança e os bancos fazerem o que fazem ou que deveriam fazer, que é diversificar e optimizar os seus investimentos, por um lado, ou oferecerem outros produtos aos seus clientes que não somente a míriade do juro alto para os depósitos ou do juro baixo para os créditos.
Mesmo a nível de grande parte dos países europeus, não será completamente inocente ou nefasta a desvalorização da moeda, no sentido de ultrapassarem a política do BIDAN, mesmo sem querer referir-me ao presidente Biden. Os próprios EUA foram dos países que mais venderam petróleo nos últimos, digamos 20 anos, e as suas reservas não são nem de longe nem de perto comparáveis a países como a Venezuela que muitas vezes nem gasolina tem para abastacer os depósitos dos seus automóveis.
Os EUA provavelmente ou não já verão outros usos para o petróleo.
Eu como arquiteto não veria com maus olhos de todo, a resolução da equação do BIDAN com novos usos a dar ao petróleo, nomeadamente no setor dos plásticos, que vai de isolantes a telas, de colas a caixilharias, de aparelhos elétricos e eletrónicos a portas e mobiliário, praticamente tudo na indústria da construção poderia partir do petróleo à excepção por enquanto das estruturas, em que predomina o betão, aço ou madeira e mesmo aí...
Como português estou sempre aberto ao mundo, mas há valores da arquitetura portuguesa que também defendo, a começar pelo "muro branco na paisagem", a depuração, o sítio, as condicionantes locais, a proporção e o volume, até de alguma forma defender e optimizar os seus processos construtivos, mas também qualquer outro ponto de vista pelo quadro mental de um arquitecto português ou até de um qualquer arquitecto de qualquer outra parte do mundo que se identifique também connosco.
Enfim há sempre que encontrar pontos de equilíbrio, os materiais compósitos ou automóveis híbridos são soluções interessantes no quadro em que vivemos.
Há que equacionar também o próprio quadro de valores de cada país: se por um lado a Venezuela tem 1000% de inflação, as maiores reservas de petróleo do mundo e não consegue abastecer os seus automóveis e o regime político na Venezuela não muda como também não muda em Cuba, por outro lado há que ressalvar que acontecimentos como a invasão do Capitolio só poderiam acontecer em países verdadeiramente democráticos como os EUA!
Penso que quer a FED, quer o FMI estão em boas mãos apesar de discordar de aumentos das suas taxas diretoras. Quanto ao BCE, é o único banco central que ainda não aumentou as suas taxas diretoras e é muito difícil a sua posição dado a inflação ser de facto elevada na zona euro, e para os países de centro, leste e norte da Europa não ser significativo aumentá-las dado o tamanho das suas dívidas e os juros a pagar pelas mesmas. São até estes países que também emprestam e financiam os mal comportados países do sul.
Chamo mais uma vez a atenção para eventuais problemas societais aliados a fenómenos nacionalistas ou regionalistas no quadro da Península Ibérica, potenciados por um quadro de menos prestações sociais, mais impostos, menor solidariedade social entre diferentes partes do território. Muitas vezes são questões desta ordem que servem de base para se chegar a emoções mais autênticas como valores ligados às próprias línguas, que é o que ocorre com o catalão e os Catalães ou o basco e os Bascos.
Um quadro de desestabilização social da europa ocidental com base na Península Ibérica, poria sempre em risco sobretudo Portugal.
Mas desestabilizar "zonas" da UE poria também em causa  a sua moeda, o seu território e até o papel da UE no mundo.
Deveríamos viver num mundo mais ecológico, daí a necessidade do automóvel elétrico, é difícil respirar em muitas cidades do mundo, mas também há que encontrar formas de reciclar os plásticos derivados do petróleo no presente e no futuro.
Isto para não falar da geo-estratégia habitual dos países que extraem e negoceiam em petróleo e dos que não. O petróleo terá sempre usos para muitos fins como referi, até para a necessidade mais básica do ser humano que é habitar.
Um dos valores essenciais da arquitectura moderna é a continuidade espacial, logo teríamos também uma continuidade do tempo. Senão quisermos pôr em causa os princípios básicos do nosso entendimento que derivam da equação da relatividade E=m.v, ou seja, todo o nosso mundo está baseado no série de medidas relacionadas e observadas, quer da dualidade dia/noite, quer a partir daí deduzir as distâncias entre os planetas do sistema solar.
Mas já foi observado que o mais próximo sistena solar, Alpha Centauri tem 3 sóis e órbitas com tempos completamente distintos do nosso sistema solar.
Isto representa literalmente outro modo de ver o mundo.
Por outro lado, alguém sabe o que seria fazer explodir uma bomba nuclear no espaço?
De certa forma demonstrei os perigos das subidas das taxas diretoras dos bancos centrais, sobretudo para países como Portugal e do oeste da Europa, não esquecendo a Grécia que poderia levar a uma desestabilização social destes e pôr em perigo a União Europeia.
Fiz por outro lado de "advogado do diabo" dos países que extraem e negoceiam petróleo.
Isto tudo para apontar-mos para uma verdadeira "Ordem Natura" baseada na ecologia, não esquecendo que aprendemos com a Natureza que não podemos interferir muito com os ecossistemas, também com os dos homens.
Há que apontar para um futuro ecológico com menos poluição, mais saudável, mas há sempre sistemas e ecossistemas que se forem alterados, causarão problemas e outros que se forem alterados poderão ser uma melhoria para todos.


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